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A Psicoterapia Reichiana (Orgonoterapia) no Tratamento das Dores de Cabeça

Introdução

 

As principais questões apresentadas na Conferência Anual do American College of Orgonomy, em 2007, estavam relacionadas a sintomas emocionais. Entretanto, muitos problemas físicos pelos quais as pessoas procuram o tratamento médico tradicional também podem ser ajudados com a orgonoterapia, isto porque alguns deles têm suas raízes em perturbações emocionais.

 

A orgonoterapia é uma terapia biológica que está enraizada fisicamente. Entendemos que as emoções estão fisicamente no corpo. O ponto essencial é que, quando um indivíduo não pode tolerar certas emoções, ele se tensiona. Na verdade, se encouraça contra estas emoções. Esta tensão crônica tem conseqüências físicas, uma vez que as emoções são mantidas no corpo.

Para aliviar esta situação, é fundamental ajudar o indivíduo a manter estas emoções, de forma que elas possam ser expressas, de maneira tolerada, fazendo com que o individuo não mais precise encouraçar-se contra elas, trabalhando também para que o paciente não precise bloqueá-las no futuro.

 

A psiquiatria moderna tem abdicado de seu próprio lugar no entendimento e no tratamento destas perturbações emocionais. Como resultado, tem falhado no campo dos transtornos físicos que possuem conexão com as emoções, as chamadas doenças psicossomáticas. Como orgonomistas, entendemos que o domínio primário e natural da psiquiatria é a emoção, e não a bioquímica ou a psicofarmacologia. A crescente ênfase sobre os tratamentos mecanicistas de sintomas específicos com agentes farmacológicos específicos deixa de enxergar inteiramente os fatores emocionais essenciais. Em geral, a única conexão que a psiquiatria e a medicina atuais fazem entre psique e soma é reconhecer que as drogas que podem afetar sintomas psiquiátricos também afetam sintomas físicos, tais como dor e inflamação.

 

Os transtornos físicos e os seus vários sintomas que são amenizados pela orgonoterapia são inúmeros e poderiam facilmente ser descritos em muitas conferências. Hoje, quero introduzir este assunto apresentando um único caso e discutindo o entendimento orgonômico e o tratamento das chamadas cefaléias ou dores de cabeça. Para aqueles interessados numa descrição mais profunda e análise da base funcional das cefaléias eu os dirijo ao tema “cefaléia” do Journal of Orgonomy, com artigos de Robert Dew, Ian Livingstone, como também de Charles Konia e Arthur Nelson.

 

As cefaléias são os transtornos físicos mais comuns e resultam numa perda econômica significante, ausência de trabalho, e certamente perda dos prazeres da vida. Envolve também milhões de dólares em vendas de analgésicos. Enquanto a medicina e a psiquiatria perderam de vista a importância dos componentes emocionais nas doenças, o publico leigo ainda reconhece amplamente que elas estão associadas com o que chamamos de "estresse".

 

Vamos olhar agora o que pode ser feito terapeuticamente sem necessitar do uso das medicações.

 

 

CASO

 

Katie tinha 16 anos quando um neurologista que estava tratando-a para dores de cabeça a indicou para mim. Ele sentiu que existia um problema subjacente relacionado ao modo como ela lidava com sua ansiedade. A paciente tinha dores de cabeça praticamente todos os dias há 8 meses: o típico episódio de uma cefaléia aguda tinha sido transformado numa dor de cabeça constante, segundo o seu relato.

 

Quando a vi pela primeira vez, apresentava também queixas emocionais. Uns dias antes, ela havia tido um grave ataque de pânico/ansiedade suficiente para que os seus pais a levassem para uma emergência hospitalar, com o objetivo de assegurar que não tinha um problema cardíaco. Afirmou se considerava estressada no colégio, desde que começou o ensino médio no ano anterior.

 

Desde que sua adolescência havia começado, como é muito comum, muitas preocupações colaboravam para que se sentisse deprimida. Sua grande preocupação era como ela era vista. Tinha medo de que não fosse boa o suficiente e também de entrar em confronto, em particular, com qualquer pessoa que representasse autoridade. Ela tinha um leve sobrepeso, era viva e séria, embora com bastante preocupações em seus pensamentos. Seu humor era levianamente deprimido.

 

Logo na primeira sessão, encorajei a paciente a falar sobre si mesma e o que estava acontecendo em sua vida, de modo que, de pronto, a paciente começou a chorar. Falou o quanto miserável ela se sentia, infeliz com aquelas dores de cabeça. Expressando estes sentimentos, conseguiu aliviar consideravelmente sua ansiedade.

 

Na segunda sessão, quando iniciou o choro, um forte sentimento de frustração veio à tona. Através de exercícios terapêuticos, ela conseguiu lidar melhor com esta frustração.

 

Na próxima semana, ela afirmou que estava sem dores de cabeça há dois dias. Isto foi notável, pois estava com dores de cabeça constantes há 8 meses. Agora, há dois dias não sentia nada.

 

No entanto, ela estava mais ansiosa do que anteriormente. Nenhum ataque de pânico, mas uma ansiedade constante ao longo do dia, quase insuportável para Katie. Tanto a paciente quanto a mãe estavam preocupadas com o nível de ansiedade. Encorajei Katie somente a sentir sua ansiedade, a ver como ela era, e me ligar se ela realmente se tornasse intolerável.

 

Com sua mãe, falei que Katie devia aumentar sua capacidade de se manter "funcionando" em face da ansiedade, e sugeri que ela, a mãe, deveria ajudá-la a se sustentar vendo sua própria filha com stress, perturbada, e não tentar aliviá-la imediatamente. Como esta abordagem é diferente: a psiquiatria tradicional teria prescrito medicações para aliviar os sintomas.

 

Mencionei a Katie que pensava que ela fosse mais forte do que ela realmente acreditava, e que poderia manejar sua ansiedade. Aqui, estava me dirigindo à sua tendência característica de fugir ao invés de enfrentar. Disse também, à mãe, que pensava que Katie era mais forte do que parecia. Aqui, estava analisando a tendência da mãe à mimar a sua filha, que reforçava a tendência de Katie a fugir de suas sensações, num comportamento infantil. Persuadi as duas no sentido de encontrarem uma forma de não fugirem de si mesmas.
Felizmente, dentro de alguns dias, a ansiedade de Katie rebaixou. Na próxima semana, foi capaz de deixar sair mais frustração nas sessões. Neste período, praticamente todos os seus sentimentos depressivos haviam sido resolvidos.

 

Na quarta sessão, suas dores de cabeça haviam diminuído ainda mais. Ao final da quinta sessão, disse que estava sem dor de cabeça por uma semana inteira. Não sentindo-se mais deprimida e bem para voltar à escola. Falei à ela que existiam outros assuntos a serem trabalhados, especialmente sua dificuldade em lidar com figuras de autoridade.

 

Resumo

 

Como resultado da abordagem mecanicista e orientada para remédios, a psiquiatria tem abdicado do seu papel vital em considerar a importância das emoções em tais condições físicas, um exemplo gritante da falha da psiquiatria moderna. A terapia de Katie mostra como vários problemas podem ser resolvidos com a orgonoterapia. Quantas pessoas, principalmente jovens, poderiam ser salvas de tratamento medicamentoso de longo prazo, com todos os efeitos físicos colaterais que impactam adversamente a sua saúde individual. Isto é especialmente importante no período do desenvolvimento emocional da infância. Infelizmente, a abordagem mecanicista de hoje baseia-se nos sintomas, usando das medicações para bloquear a ansiedade e as perturbações emocionais. Ao que parece, estamos vivendo num mundo cada vez mais intolerante às emoções naturais. A profissão médica e o publico geral tem a tendência a medicar qualquer emoção, como se elas fossem sintomas. Seria um grande avanço se tal público conseguisse observar a função maior que as emoções assumem nos sintomas físicos e tomasse conhecimento de outros meios de tratá-los.

Autor Peter Crist, M.D., Publicado em: "Coming Off Medication and Coping with Anxiety Through Therapy" JO 35(2), Fall/Winter 2001, pp. 27-34.

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