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As etapas do desenvolvimento do vínculo de apego




O apego é o vínculo afetivo que a criança estabelece com sua figura de referência, aquela que lhe proporciona cuidado, segurança e proteção. É, portanto, um mecanismo de sobrevivência. Inclusive, alguns autores se referem a esse laço afetivo como nosso sistema imunológico psicológico. Agora… como ele se desenvolve? Quais são as etapas do desenvolvimento do vínculo de apego?


Ainda que existam muitas teorias que definem e explicam o apego, a mais importante e conhecida é a que foi elaborada por John Bowlby. Para esse psiquiatra e psicanalista, as crianças já nascem biologicamente programadas para formar vínculos com os demais, com o objetivo de sobreviver no mundo. Por isso, ele acredita que todos os comportamentos implicados na criação e conservação desse vínculo de apego são instintivos.


Por outro lado, é importante ter em mente que o vínculo de apego não desaparecerá com o passar do tempo, isso porque de algum modo ele nos influenciará para o resto da vida, em todas as relações que vamos vir a estabelecer. Está aí a importância de desenvolver um apego seguro, baseado em sentimentos de confiança e proteção.


“Dizem que o amor é cego. Mas será que ele é mesmo? Na verdade, não há nada no mundo tão claro como o amor. O que é cego não é o amor, é o apego”.

-Anthony De Mello-


Etapas do vínculo de apego


O modelo evolutivo de Bowlby contempla quatro fases para a criação de um vínculo de apego. Normalmente, essas fases são especialmente notáveis nas relações entre mães e filhos, ainda que seja possível que esse laço também possa ser criado entre um cuidador principal e a criança em diversas ocasiões.

A seguir, explicaremos como o estabelecimento desse vínculo afetivo evolui, a partir da perspectiva criada por Bowlby. Aprofundaremos as diferentes etapas do desenvolvimento do vínculo de apego.


1- Fase de pré-apego

Essa primeira fase ocorre durante as primeiras seis semanas de vida de uma criança. O pequeno aceita facilmente, pelo menos de forma geral, qualquer ser humano que ofereça conforto a ele. Ou seja, o bebê não mostra preferência por ninguém em particular.


Nessa etapa, o repertório de comportamentos inatos por parte da criança o ajudam a atrair a atenção dos adultos. Além disso, ele também responde a estímulos externos e busca o contato físico com os demais.


Nesse momento, o reconhecimento materno é muito rudimentar no bebê. Ainda não há um vínculo de apego realmente forte, mas eles já começam a demonstrar os primeiros traços dele no final dessa fase.


2- Fase de formação

Passadas as primeiras seis semanas, e até aproximadamente os 8 meses, o bebê começa a sentir ansiedade se ele se separa de outros seres humanos. Ainda assim, não é possível notar a falta materna de forma específica. A criança ainda não rejeita os desconhecidos.


É nessa fase que ele começa a orientar seu comportamento e a responder a sua mãe de forma mais clara. No entanto, ainda pode existir uma certa reclamação por não estar perto dos adultos, mesmo que ele não mostre uma preferência forte por sua progenitora.


3- Fase de apego

Desde os 6 ou 8 meses e até que a criança faça aproximadamente 2 anos é quando chega a fase do vínculo de apego propriamente dito. Agora sim o bebê se sente mal se o separam de sua mãe, e pode inclusive sofrer ansiedade por causa disso.


Nesses momentos, não é estanho que o bebê mostre rejeição física a outras pessoas que não sejam sua mãe, já que eles supõem que o que está acontecendo é uma ameaça para sua vida. Dessa forma, todas as suas ações costumam ser focadas no sentido de chamar a atenção da figura materna, já que ele demanda a sua presença.


4- Fase de relações recíprocas

A partir dos 24 meses, começa a quarta e última fase, a chamada fase das relações recíprocas. O pequeno já entende que a ausência da mãe não é definitiva, e se tudo correr bem a própria criança será capaz de acalmar sua ansiedade.


Além disso, é nessa fase que aparece a linguagem, sendo a criança então capaz de ter representações mentais de sua mãe. Dessa forma, ela pode prever o seu retorno, entender a saída e a volta, e costuma chorar menos em sua ausência. Pode, inclusive, mostrar capacidade para criar estratégias que ajudem a entender a dinâmica de saída e retorno para o lar.


“As crianças e os animais gostam de quem gosta deles”.

-Ramón Sender-

Finalmente, superadas todas as etapas do vínculo de apego infantil, cria-se uma relação sólida entre ambas as partes. O contato físico já não é tão necessário, ainda que exista em algum momento aquela busca pela presença da mãe para se sentir seguro. Apesar disso, a criança sabe que mesmo que não exista contato, sua mãe responderá quando ela chamar.

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